Manifesto


Nós, do coletivo Fotógrafos pela Democracia, nascemos como Fotógrafos Contra o Golpe, em luta contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016. Somos um fragmento do campo da esquerda em oposição ao avanço do autoritarismo, um grupo de ativismo político independente, apartidário, sem filiação a qualquer instituição e de alcance nacional. A participação é voluntária e o coletivo é sem fins lucrativos; nos estruturamos a partir de relações horizontais, e temos como norma a cordialidade e respeito mútuo. A consciência do momento histórico de retrocesso político impulsionou o desejo de organizarmos um grupo com atuação constante em favor da democracia.

Para o Fotógrafos pela Democracia a fotografia não é o fim, mas é o meio. O grupo não representa a categoria ou segmento dela, entretanto, utiliza a fotografia como ferramenta contra a necropolítica, o neoliberalismo e as desigualdades sociais. Utilizamos todas as possibilidades que a fotografia oferece e procuramos estabelecer pontes e conexões com outros movimentos sociais; alguns antropólogos, jornalistas, professores e pesquisadores somaram experiências e saberes ao grupo.

A característica do fazer fotografia nos coloca próximos dos acontecimentos, dos atores sociais e de todo desenvolvimento dos conflitos das forças atuantes na sociedade. O trabalho do fotógrafo é pensar visualmente sobre as ações humanas e o meio ambiente. O embate político contemporâneo se dá especialmente no campo das imagens, cabe ao grupo contribuir em favor da resistência ao fascismo. A fotografia é instrumento político potente e temos feito uso dessa energia nas nossas ações e redes sociais. O Fotógrafos pela Democracia está empenhado na luta simbólica que se trava entre o obscurantismo e a civilização, escolhemos o lado da ciência, do conhecimento e das artes.

Cada uma das fotógrafas e dos fotógrafos deste grupo procura dar visibilidade aos não-vistos: aos excluídos, aos sem-teto e aos sem-terra, aos povos indígenas, aos negros, às mulheres, aos presos políticos, aos LGBTQI+, às pessoas com deficiência física, aos trabalhadores e aos desempregados. O encontro dessa diversidade de olhares cria uma rede de informações sobre a realidade brasileira. O Fotógrafos Pela Democracia procura catalisar esse capital cultural em favor da democracia, organizar forças dispersas e desconstruir a narrativa de ódio da extrema-direita. Expressamos um olhar alternativo em contraponto ao discurso hegemônico da mídia tradicional.

O neoliberalismo explicitou a face mais cruel do capitalismo, o autoritarismo é seu pressuposto. No caso brasileiro, há uma relação íntima entre o fim de direitos trabalhistas e civis, perda da soberania nacional e o avanço das forças reacionárias. Vivemos uma crise institucional, o Estado de exceção se tornou realidade.

A precarização do trabalho é um fato global e estabeleceu novas formas de exploração, os partidos e sindicatos não são suficientes para dar representatividade ao complexo tecido social. Inúmeros grupos das comunidades e de todo campo da esquerda estão se organizando para suprir as carências sociais e as urgências. A política se transforma nas quebradas e nas esquinas, estamos conectados. Nós, do coletivo Fotógrafos pela Democracia fazemos parte do embrião da revolução que virá. Fotógrafas e fotógrafos sabem a hora. Quanto mais intensa for a opressão, maior será a nossa resistência.

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